A sustentabilidade estará em cima da agenda das empresas em 2021, refere a consultora Ernst & Young (EY) no seu recente estudo “Conhecer os desafios ajuda a encontrar o caminho? Portugal: Desafios para 2021”.

No Welectric estamos a destacar os aspetos-chave da análise da EY num conjunto de seis artigos sobre sustentabilidade.

Depois de termos abordado o Eco-Living, focamo-nos agora no desafio que as empresas terão pela sua frente: de alinharem o seu propósito e a sua estratégia com a agenda ESG (Environmental, Social and Governance), em português a agenda ambiental, social e de governança.

No documento (disponível aqui) Manuel Mota (Partner EY, Financial Accounting & Advisory Services) e Bernardo Rodrigues Augusto (Manager EY Climate Change & Sustainability Services) salientam que “as organizações e as empresas têm vivido desde março de 2020 uma prova de fogo de assinalável magnitude, ao terem de demonstrar a resiliência do seu negócio, perante um nível de disrupção sem precedentes, ao mesmo tempo que são chamadas a dar o seu contributo para dar resposta à crise, apoiando colaboradores, fornecedores e as comunidades em que operam. Esta crise, constitui uma oportunidade para as empresas afirmarem o seu papel enquanto agentes cruciais de transformação para uma sociedade e uma economia, mais justa, inclusiva, neutra em carbono e circular”.

Criação de valor partilhado e sustentado nas empresas

Estes consultores recordam o Manifesto de Davos, lançado em janeiro de 2020 pelo Fórum Económico Mundial que apelou às organizações para a importância do envolvimento de todos os seus stakeholders e não apenas dos seus acionistas, na criação de valor partilhado e sustentado, numa perspetiva de longo prazo, o chamado stakeholder capitalism.

“Aliado ao facto do perfil de consumidores e investidores estar a mudar, exigindo cada vez mais que as empresas tenham preocupações ambientais e sociais nos seus negócios, as empresas têm a oportunidade de alinharem o seu propósito e a sua estratégia com a agenda ESG (ambiental, social e governança)”, afirma a EY.

“Com o Pacto Ecológico Europeu a ter, também em Portugal, um papel importante na resposta à crise económica, os modelos de negócio terão de se adaptar a uma realidade assente na transição para uma economia verde, circular e neutra em carbono até 2050, que envolverá uma articulação e esforço sem precedentes ao nível de todos os sectores de atividade”, declara a EY no seu relatório.

os modelos de negócio terão de se adaptar a uma realidade assente na transição para uma economia verde

“O modelo de financiamento está também numa fase de transição, com a massificação ao nível político, das instituições financeiras e empresas, dos conceitos de Sustainable Finance e integração de critérios ESG nas decisões de investimento. O Plano de Ação da União Europeia para o financiamento sustentável, estabelece o enquadramento para promover o investimento em atividades económicas classificadas como sustentáveis pelo sistema de classificação EU Taxonomy”, observam os consultores Manuel Mota e Bernardo Rodrigues Augusto.

empresas

Para estes analistas, “a adaptação a esta agenda é, pois, fundamental na definição da visão a longo prazo da empresa e como esta ambiciona gerar valor. Para tal, é necessário que o contexto de sustentabilidade interno e externo à organização esteja cimentado ao nível da Governança”.

As empresas com uma agenda para um crescimento resiliente às alterações climáticas serão mais atrativas para rondas de investimento

Na perspetiva destes consultores, “as empresas que definam uma agenda para um crescimento resiliente às alterações climáticas serão vistas segundo uma perspetiva atrativa em termos da sua capacidade de no longo prazo resistir a choques sistémicos”.

“A pandemia COVID-19, em vez de desviar a atenção da necessidade de promover um futuro sustentável, na verdade reforça esse imperativo. Esta é uma oportunidade única para as empresas se realinharem e priorizarem a criação de valor a longo prazo, sendo que as empresas que se realinham à agenda do stakeholder capitalism terão uma vantagem competitiva sobre aquelas que tentam retornar aos negócios de forma tradicional”, enfatiza a EY.

Nesse contexto, prossegue a análise de Manuel Mota e Bernardo Rodrigues Augusto, “as empresas devem encontrar formas efetivas de medir concretamente a sua jornada e esforços de sustentabilidade e comunicar o que estão a fazer nessas áreas. A sua capacidade de criar valor futuro duradouro reside exatamente em aproveitar a inovação para dar resposta às necessidades de todos os seus stakeholders – e colocar a sustentabilidade no centro de sua estratégia de negócios”.

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