A Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável enviou uma carta ao Embaixador do Brasil em Portugal, Luiz Alberto Figueiredo Machado, apelando ao Governo Brasileiro para envidar todos os esforços na preservação da floresta Amazónica, apelando também à permanência e comprometimento do Brasil no Acordo de Paris no âmbito da Convenção das Nações Unidas para as Alterações Climáticas.
Na carta, a Zero expressa o facto de a floresta da Amazónia ser fundamental pelos serviços que presta: tem a maior biodiversidade do planeta (aloja 10% do número de espécies conhecidas), assegura 20% da água doce disponível, produz 20% do total de oxigénio para a atmosfera terrestre e suporta diretamente a vida de 30 milhões de pessoas (três vezes a população de Portugal).
Sabia que…
… a floresta amazónica desempenha um papel importante na regulação climática do planeta? A floresta na Amazónia funciona como um sumidouro líquido de carbono com taxas entre 1 e 7 toneladas de carbono pro ano.
Direta e indiretamente, os serviços do ecossistema proporcionados pela Amazónia, desde a floresta ao clima, à regulação do funcionamento do sistema terrestre, representam para o Brasil, de acordo com estudos científicos publicados no ano passado, 7,4 mil milhões de euros de benefícios por ano, aponta a Zero.
Pressão da agricultura e pastoreio
“Infelizmente, desde há anos, a floresta na Amazónia sempre tem ter sido destruída devido indiretamente à pressão da agricultura desde o litoral, o que conduz à necessidade de áreas de pastoreio mais para o interior, levando à destruição da floresta para este fim ou para a utilização de outros produtos, em particular da madeira. O recente aumento de queimadas, quase para o dobro, entre as épocas secas de 2018 e 2019, traduz-se num aumento significativo das taxas de desflorestação/destruição da Amazónia, o que em nosso entender é um reflexo da ausência de uma política ativa para a sua proteção e salvaguarda”, refere a associação.
Se pequenas áreas queimadas podem recuperar parcialmente em algumas dezenas de anos, “as extensões que estão já em causa apontam para uma perda irreversível deste que é o ecossistema mais importante da superfície terrestre e portanto verdadeiramente irrecuperável em termos de biodiversidade e das suas funções como habitat, nomeadamente porque as condições do solo após a queima ou desflorestação ficam muito depauperadas”, advertem os ambientalistas.
Cada hectare ardido na floresta Amazónica, é um hectare a menos que deixa de retirar carbono da atmosfera.
A Zero aproveita para reforçar a necessidade do Brasil, como um dos países em desenvolvimento mais relevantes em termos geopolíticos à escala mundial, de assegurar a sua continuação no Acordo de Paris. “Cada hectare ardido na floresta Amazónica, é um hectare a menos que deixa de retirar carbono da atmosfera, mas são também são mais emissões de carbono que têm lugar, para além de outros poluentes que aliás têm prejudicado a qualidade do ar em áreas muito extensas”, frisa esta associação.
Segundo a Zero, é fundamental a concertação à escala internacional do ponto de vista político e financeiro para que a floresta Amazónica possa ser protegida e salvaguardada, tal como diversos países e organizações, em particular as Nações Unidas, têm vindo a apelar.
Para os ecologistas, “o Brasil deve aceitar os apoios que lhe têm sido oferecidos para a preservação dos valores em causa, mas deve também conseguir os resultados que lhe são pedidos em termos de reversão da destruição do ecossistema”.