O prémio Nobel da Economia, anunciado esta segunda-feira pela Real Academia Sueca das Ciências, foi atribuído a dois norte-americanos, William Nordhaus e Paul Romer.

A Royal Swedish Academy of Sciences foi fundada em 1739.

Nordhaus tem trabalhado na área da economia ligada ao ambiente e, em concreto, às alterações climáticas.

Romer desenhou a teoria do crescimento endógeno, tendo integrado a inovação tecnológica na análise macroeconómica de longo prazo.

Na explicação do Comité, as pesquisas premiadas são “ferramentas relevantes para compreender como a economia interage com a natureza e com o conhecimento e quais são as medidas que ajudam a gerar crescimento económico sustentado e sustentável a longo prazo”.

William D. Nordhaus e Paul M. Romer criaram métodos para abordar algumas das questões mais básicas e prementes do nosso tempo sobre como criamos crescimento económico sustentado e sustentável a longo prazo.

Os dois laureados vão dividir entre si os 9 milhões de coroas suecas (cerca de 860 mil euros) do Nobel.

“Na sua essência, a economia lida com a gestão de recursos escassos. A natureza dita as principais restrições ao crescimento económico e o nosso conhecimento determina o quão bem lidamos com essas restrições. Os laureados deste ano, William Nordhaus e Paul Romer, ampliaram significativamente o objetivo da análise económica ao construirem modelos que explicam como a economia de mercado interage com a natureza e o conhecimento”, refere a Academia.

Mudança climática: o trabalho de Nordhaus

As descobertas de Nordhaus lidam com as interações entre a sociedade e a natureza. Nordhaus decidiu trabalhar sobre esse assunto na década de 1970, à medida que os cientistas se preocupavam cada vez mais com a combustão de combustíveis fósseis, resultando num clima mais quente.

William D. Nordhaus (nasceu em 1941) pertence à Yale University, New Haven, EUA. Foi premiado por integrar as alterações climáticas em análises macroeconómicas de longo prazo.

Em meados da década de 1990, ele tornou-se a primeira pessoa a criar um modelo de avaliação integrada, ou seja, um modelo quantitativo que descreve a interação global entre a economia e o clima.

O seu modelo integra teorias e resultados empíricos da física, química e economia.

O modelo de Nordhaus está agora amplamente difundido e é usado para simular como a economia e o clima evoluem de forma corelacionada. Esse método é empregue para examinar as consequências das intervenções de políticas climáticas, como é o caso dos impostos sobre carbono.

Esta foi a conversa telefónica que a Academia sueca manteve com Nordhaus:

Mudança tecnológica: o trabalho de Romer

Romer demonstra, por seu lado, como o conhecimento pode funcionar como um impulsionador do crescimento económico de longo prazo. Quando se acumula ao longo de décadas, o crescimento económico anual transforma a vida das pessoas. Pesquisas macroeconómicas anteriores enfatizaram a inovação tecnológica como o principal motor do crescimento económico, mas não modelaram como as decisões económicas e as condições do mercado determinam a criação de novas tecnologias.

Paul M. Romer (nasceu em 1955) pertence à NYU Stern School of Business, Nova Iorque, EUA. Foi distinguido por ter feito a integração das inovações tecnolóigicas em análises macroeconómicas de longo prazo.

Paul Romer resolveu esse problema, demonstrando como as forças da economia governam a disposição das empresas de produzir novas ideias e inovações.

A solução de Romer, publicada em 1990, lançou as bases do que hoje é chamado de teoria do crescimento endógeno. A teoria é conceptual e prática, pois explica como as ideias são diferentes de outros bens e exigem condições específicas para prosperar num mercado. A teoria de Romer teve o condão de gerar uma grande quantidade de novas pesquisas sobre os regulamentos e políticas que incentivam novas ideias e prosperidade a longo prazo.

Na cerimónia de entrega dos prémios, a organização do evento reproduziu a chamada telefónica feita para Paul Romer. Pode ouvi-la aqui:

Como podemos alcançar um crescimento económico sustentado?

“As contribuições de Paul Romer e William Nordhaus são metodológicas, fornecendo-nos perspetivas fundamentais sobre as causas e consequências da inovação tecnológica e das mudanças climáticas. Os laureados deste ano não fornecem respostas conclusivas, mas as suas conclusões aproximaram-nos consideravelmente de responder à questão de como podemos alcançar um crescimento económico global sustentado e sustentável”, conclui a Academia das Ciências sueca.

 

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