Este é um breve sumário daquilo que o futuro nos reserva no contexto da mobilidade urbana. Concorda comigo?
Converta-se à mobilidade elétrica ou… desapareça. O crescimento do veículo elétrico será exponencial.
Há um consenso claro sobre o aumento exponencial da quota de mercado do veículo elétrico. É evidente que os construtores de automóveis estão cientes disto. Todos anunciaram investimentos milionários nos seus programas de eletrificação. A Volkswagen com 40 mil milhões de dólares ate 2030, a Ford com 11 mil milhões de dólares até 2022, a Daimler com 11,7 mil milhões de dólares até 2025. E são apenas alguns exemplos nesta estratégia para recuperar o atraso para a China no setor da mobilidade elétrica.
A China lidera este novo cenário e tem, atualmente, o maior mercado para os VE. Em 2017 foram vendidos em todo o mundo 1,1 milhões de veículos elétricos. Destes, 49% foram para o mercado chinês. Este resultado é possível graças à política agressiva de incentivo à mobilidade elétrica, por exemplo, impondo ao mercado uma quota de VE de 10% em 2019 (12% para 2020).
É importante também realçar que as barreiras principais que impediram o crescimento do mercado de veículos elétricos estão a desaparecer, a um ritmo mais ou menos acelerado, dependendo de cada país ou cidade. Tal deve-se aos grandes investimentos em infraestruturas de carregamento e à redução gradual do custo dos VE, pelo aumento das economias de escala e pela redução do custo das baterias. Este fenómeno será ainda mais pronunciado graças aos enormes progressos previstos para breve, como as baterias em estado sólido ou as baterias de lítio-sulfur. Estes fatores serão responsáveis pela multiplicação da autonomia dos VE por duas ou três vezes nos próximos cinco anos.
O maior negócio da mobilidade urbana será o veículo autónomo
O veículo autónomo vai levá-lo onde precisa, de forma eficiente e segura. Mas será, acima de tudo, um local onde pode trabalhar ou desfrutar da sua série favorita no Netflix, ou encomendar aquilo de que precisa online. O veículo autónomo vai ser seguro e espera-se que, em 2050, o número de acidentes rodoviários tenha uma redução de 80%, graças à sua utilização, o que são excelentes notícias. Mas do ponto de vista do negócio, este setor emergente também o vai surpreender. Faz ideia de quanto vale ter acesso direto a um potencial cliente durante hora e meia por dia?
Esta é a duração média da viagem diária de um condutor nas principais cidades. Até agora podíamos apenas ouvir rádio, mas com a condução autónoma, facilmente estaremos expostos à publicidade habitual que recebemos através do Google, Facebook, Amazon, etc… Um novo mundo de oportunidades de negócio estará aberto para aqueles que sabem atrair a nossa atenção dentro do veículo que nos leva diariamente ao nosso destino.
Como já estará a pensar, cada utilizador terá o ser perfil de preferências ao qual o veículo pode aceder, ou seja, listas do Spotify, volume da música, altura dos bancos, temperatura do interior, percursos favoritos… O veículo compreende todas as suas ordens e até prevê alguns dos seus desejos! Vai ser tão parecido com o KITT, do Justiceiro, quanto imagina, mas mais inteligente, conectado e eficiente (e também menos irónico…)
Alguns utilizadores vão querer circular uma velocidade tão próxima quanto possível do limite legal, outros vão preferir andar mais devagar, para evitar enjôos. Sim, algumas pessoas vão continuar a enjoar, mesmo nos veículos autónomos.
Vamos poder escolher se queremos viajar sozinhos ou se partilhamos o veículo com outras pessoas, o que vai baixar o custo da viagem, como acontece em serviços como a UBER e outros.
Imagine quão atrativo seria para uma empresa como a Burger King, se os veículos aconselhassem percursos próximos de um dos seus restaurantes? Facilmente podia ser incluída na rota uma paragem no Auto King, que receberia a informação de qual o menu desejado e que estaria pronto assim que lá chegássemos, sem espera nem filas…
Espere o inesperado. Novos veículos e modos de transporte serão realidade outra vez.
Até recentemente, pensar em táxis voadores autónomos seria um cenário demasiado rebuscado, economicamente inviável e algo que veríamos apenas dentro de 50 ou 60 anos. Mas há alguns anos seria uma ideia mirabolante viajar de Madrid a Londres por 19,90 euros. Hoje é possível. Atualmente, ter um serviço de táxis voadores, com acesso ao topo dos edifícios, já não está assim tão longe, como mostra este vídeo onde a UBER explica o seu serviço UBERair e anuncia que vai lançá-lo em Los Angeles e Dallas, em 2020.
Há cinco ou seis anos, ninguém sabia o que era um Hoverboard (basicamente, um veículo elétrico de duas rodas em temos que manter o nosso equilíbrio). Agora vêmo-los por toda a parte nas nossas cidades… A mobilidade urbana evolui tão depressa que nós mal temos tempo para prever os conceitos que vão ser bem sucedidos dentro de alguns anos.
Não posso deixar de mencionar o Hyperloop aqui! A grande promessa de viajar confortavelmente a 1200 km/h parece mais próxima. Este novo meio de transporte está destinado a ser um sério concorrente ao transporte aéreo e, em certos aspetos, espera-se que seja imbatível. Aqui fica um vídeo onde pode observar os progressos desta revolução!
Finalmente, caso queira ainda mais informação, aqui fica mais um vídeo inspirador.
Uma nova Era dos transportes públicos: mais inteligentes, seguros e 100% sustentáveis
As nossas cidades começam a ficar cada vez mais congestionadas devido ao crescimento e desenvolvimento económico. Nessas circunstâncias, os transportes públicos são um aliado decisivo para manter o fluxo de trânsito controlado. Encorajar os cidadãos a utilizá-los com maior frequência será decisivo para termos uma cidade mais equilibrada e com superior qualidade de vida.
As cidades modernas perceberam a importância de tornar os transportes públicos mais eficientes e sustentáveis. As cidades chinesas têm adquirido autocarros elétricos a um ritmo frenético, porque não só sentem a pressão de encorajar a mobilidade elétrica mas também porque a qualidade do ar e o ruído se tornaram problemas graves para assegurar uma qualidade de vida adequada aos cidadãos.
Seremos testemunhas de como os operadores de transportes públicos irão partilhar informações de trânsito com outras entidades (plataformas de mapeamento e aplicações third-party) para desenhar soluções de mobilidade à medida. Deste modo, será mais fácil ajudar as pessoas a navegarem nas cidades de todo o mundo, tornando a mobilidade urbana e os transportes públicos mais atraentes, acessíveis e úteis.
A médio prazo vamos subscrever serviços de mobilidade em vez de sermos proprietários de um automóvel
Atualmente já temos várias aplicações que nos oferecem diferentes serviços de mobilidade partilhada que são cada vez mais usados em todo o mundo.
Esta tendência vai crescer exponencialmente. As novas gerações já não vão sequer gastar 20 000 euros para comprar um automóvel. Em vez disso, vão preferir a liberdade de não ter custos fixos, preferindo investir o seu dinheiro em educação, viagens ou numa vida com melhor qualidade.
À luz desta realidade, é necessário mencionar o conceito “Mobilidade como um serviço”, ou MaaS, que basicamente permite aos utilizadores planear os seus percursos utilizando modos diferentes de transporte, de uma forma fácil, conveniente e familiar. MaaS vai requerer a colaboração e interação de vários agentes do setor, nomeadamente os operadores de transportes públicos, de veículos partilhados (automóveis, motos e bicicletas). MaaS é mais do que uma aplicação, já que os utilizadores vão utilizar agregadores de aplicações, que vão ser especialistas na integração de vários serviços de mobilidade (como a car2go e a Uber), num único interface.
Isto permite aos utilizadores saber qual o sistema de partilha de veículos mais próximo — dos vários disponíveis — e pode também ajudar a planear percursos complexos, por forma a saber qual a combinação de modos de transporte mais rápida ou mais barata para chegar ao destino.
Neste momento existem vários projetos-piloto a tentar agregar este serviço MaaS, mas subsistem ainda algumas dificuldades e desafios.
Felizmente, este modelo de mobilidade vai crescer e tornar-se mais vigoroso com o passar do tempo e os cidadãos poderão subscrever um conjunto alargado de opções de mobilidade, pagando apenas aquilo que precisam e utilizam.
As consequências da adoção em grande escala dos serviços partilhados de mobilidade serão muito significativas para a venda de automóveis, estimando-se uma quebra de 40% a médio prazo.
Enfrentando este cenário, grandes multinacionais como a BMW, a Bosch, Daimler, General Motors e Uber, entre outras, têm, por um lado, acelerado a aquisição e as parcerias em projetos de empresas de mobilidade — como a Coup e a Jump Bikes — e, por outro lado, iniciado a sua passagem de fabricantes para prestadores de serviços.
Essas movimentações devem-se à necessidade que têm de diversificar as suas áreas de negócio, principalmente tendo em conta a iminente obsolescência do veículo com motor de combustão, em prol do elétrico. Esta mudança vai causar a perda de receita motivada pela redução dos custos de manutenção e reparação que se espera dos VE.
Algo semelhante já sucedeu com as estações de serviço, já que apenas uma parte das receitas provém da venda de combustível (onde as margens são muito pequenas), sendo que o negócio realmente lucrativo provém da venda dos produtos na loja.
Regulamentação ambiental e a promoção da mobilidade sustentável em larga escala vão praticamente matar os veículos com motor de combustão
As políticas dos governos e das autarquias relativas à descarbonização dos transportes são claras e não terão recuo. Muitos países anunciaram que vão banir a venda de veículos com motor de combustão (sobretudo, a gasóleo) dentro de alguns anos; pode conferir aqui a lista de países já comprometidos com esta medida.
Serão as cidades que sofrerão as principais consequências desta mudança de paradigma, para o melhor e o pior. E por isso é que se têm multiplicado programas e incentivos de todos os tipos, para promover uma mobilidade sustentável (andar de bicicleta, a pé ou de veículo elétrico).
Algumas destas medidas vão ter impactos importantes, sobretudo aquelas que algumas cidades vão adotar restringido o acesso a veículos mais poluentes. Estas soluções, aliadas a outras dissuasivas da utilização do veículo com motor a combustão, vão contribuir para reduzir os índices de poluição nas cidades, tornando-as mais habitáveis.
Madrid é um bom exemplo, com o seu “Air Quality Plan”. Até 2019, a cidade vai banir automóveis de 23 das suas mais relevantes e movimentadas artérias, onde só bicicletas, transportes públicos e táxis poderão circular. A partir de 2025 serão interditados de circular em Madrid todos os veículos com motor a gasóleo e os custos de estacionamento para os veículos mais poluentes também vão aumentar.
No link pode ver que medidas estão na calha em várias cidades do mundo para preservar a qualidade do ar.
Está a pensar comprar um automóvel novo? Primeiro certifique-se de que vai poder circular com ele no centro da cidade num futuro próximo.