João Gonçalves Pereira
João Gonçalves Pereira
Deputado e Vereador do CDS na Câmara Municipal de Lisboa

“Num contexto de competitividade global, a afirmação internacional de Portugal depende da capacidade das nossas cidades se projectarem no mundo.”

As cidades e a sustentabilidade do futuro

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As cidades representam apenas 2% da superfície do planeta, mas concentram já mais de metade da população mundial, sendo responsáveis por 75% do consumo global de energia e 80% das emissões de dióxido de carbono. Também em Portugal, é ao nível das cidades – e principalmente das capitais de distrito – que se joga verdadeiramente o futuro.

Num contexto de competitividade global, torna-se evidente que a afirmação internacional de Portugal depende, em larga medida, da capacidade das nossas cidades se projectarem no mundo.

Num mundo em que as cidades assumem uma importância crescente, o futuro constrói-se apostando em cidades inteligentes, que sejam pólos de conhecimento e inovação, e que se afirmem como motores do desenvolvimento económico das regiões.

Só um país com cidades dinâmicas e diferenciadas será capaz de atrair investimento, inovação e turismo de qualidade e, hoje, a qualidade de vida no espaço urbano passa muito pela qualidade do ar, pela redução do ruído e pela eficiência energética.

Nesta matéria, são vários os desafios que se colocam a Portugal, e desde logo, às suas cidades.

A transição energética e a sustentabilidade ambiental e económica obrigam a prosseguir o caminho da descarbonização da economia, reforçando a aposta nas energias renováveis, privilegiando a produção descentralizada para autoconsumo, integrada em smart grids.

Sendo certo que as necessidades avultadas de investimento e as alterações disruptivas na sociedade são factores que se fazem sentir e geram resistência, é também verdade que os benefícios a médio e longo prazo são inegáveis, como o combate às alterações climáticas ou a eficiência e a poupança.

Precisamos, assim, de avançar definitivamente com políticas activas de promoção da eficiência energética na administração pública central e local, uma área com enorme potencial mas que continua ainda largamente desaproveitada.

Neste domínio, o carro eléctrico terá um papel central no futuro da mobilidade e é imperativo que exista uma rápida intervenção de instalação generalizada de postos de carregamento nas cidades e nas auto-estradas, acompanhada de outras medidas de estimulo como a gratuitidade do estacionamento para as viaturas eléctricas, medida que propus e fiz aprovar, no anterior mandato como vereador na Câmara Municipal de Lisboa.

O facto de a Câmara Municipal de Lisboa ter iniciado um processo de aquisição de veículos eléctricos ligeiros de passageiros para a sua frota automóvel merece nota positiva, apesar de manter sinais contraditórios quando adquire veículos pesados de recolha de lixo diesel que podiam – e deviam – ser movidos a gás natural.

Também autarquias como as de Cascais, Porto, Guimarães, Braga ou Coimbra e inúmeras Juntas de Freguesia, além de várias empresas, como por exemplo o Grupo Águas de Portugal, têm igualmente vindo a adquirir significativas frotas de automóveis eléctricos.

O desafio das cidades do futuro passa também por oferecer mais e melhores transportes colectivos sustentáveis, sejam eles públicos ou privados, que sejam capazes de garantir uma verdadeira alternativa ao transporte privado, cabendo ao Estado e aos municípios reforçar o investimento na mobilidade eléctrica e na utilização de gás natural.

Começa a assistir-se a uma expansão da mobilidade eléctrica em Portugal ao nível dos particulares e das empresas, fruto de uma tomada de consciência da responsabilidade ambiental que todos temos e que valoriza aspectos como a ausência de emissões ou o silêncio que apenas um veículo eléctrico pode oferecer.

Persistem, no entanto, grandes lacunas relativamente à qualidade e quantidade da rede de pontos de carregamento que desincentivam muitos dos que gostariam de adquirir um veiculo eléctrico, mas receiam a sua fraca autonomia.

Cabe ao Governo e às autarquias criar rapidamente as condições para uma expansão da rede de postos de carregamento rápido e semi-rápido capaz de garantir a cobertura integral do território nacional, bem como a recuperação, actualização tecnológica e manutenção dos pontos de carregamento existentes que se apresentam, demasiadas vezes, em evidente estado de degradação.

Deste modo, será mais célere o processo de transição para uma economia e mobilidade sustentáveis e eficientes.

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