A Mini levou-nos a Milão para ficarmos a conhecer o Countryman Cooper S E ALL4, a grande novidade desta geração Countryman, que permite, pela primeira vez, uma utilização exclusivamente elétrica, com todas as vantagens que tal solução apresenta, em termos económicos e ambientais.
A tecnologia é já conhecida do BMW 225 xe Active Tourer Hybrid, mas aqui aplicada ao SUV da Mini.
A combinação do motor elétrico de 88 cavalos e do motor a gasolina de três cilindros e 136 cavalos permite uma potência total de 224 cavalos. Talvez ainda mais impressionante é o consumo anunciado de 2,1 litros de combustível por cada 100 quilómetros e emissões de somente 49 gr/km.
A Mini anuncia que esta versão é ideal para todos aqueles que apreciam os benefícios de percorrer, em modo elétrico, curtas distâncias entre a casa e o trabalho, durante a semana, sem abdicar da possibilidade de fazer viagens mais longas, com autonomia independente da recarga da bateria.
Milão acabou por ser um excelente terreno de teste para esta pretensão do construtor britânico. A maior cidade do norte de Itália é um aglomerado de quarteirões sobranceiros, salpicados, de longe em longe, por uma Piazza inspirada. O céu ameaçava chuva e, para ajudar à sensação de enfrentar uma selva urbana em estado bastante puro, falta acrescentar o trânsito compacto, pouco ajudado por obras eternas e a notável ausência de agentes da autoridade para suster o ímpeto lemingue dos utilizadores das vias milanesas.
Estes têm em comum o frenesim da progressão, mas dividem-se entre ciclistas afoitos, motociclistas ziguezagueantes e empenhados automobilistas. Vi também um ou dois rebanhos de turistas em Segways, mas esses preferem atormentar os infelizes pedestres no passeio, pelo que, pelo menos hoje, não são assunto meu.
Estou entretido ao volante deste Mini com nome completo demasiado comprido para estar a repetir. Para todos os efeitos, é o Countryman Plug-In. Para já, é o único que dá para ligar à tomada de eletricidade lá de casa e carregar a bateria de lítio com capacidade para 7,6 kWh em pouco mais de três horas. Se houver uma wallbox, então o tempo de carga reduz para duas horas e um quarto. A tampa da tomada de carga está bem visível, mesmo à frente da porta do condutor. A Mini tem obviamente orgulho neste símbolo, a amarelo.
A bateria, montada sob o banco traseiro, é a fontes de energia do motor elétrico particularmente potente, que faz girar as rodas posteriores deste Countryman revolucionário. E consegue fazê-lo, em condições óptimas, durante 42 quilómetros, sem recorrer a uma gota de gasolina. Há um limite, que é o de 125 km/h, a partir do qual o funcionamento do motor a gasolina é inevitável. Mas, em utilização citadina, serão raras as oportunidades para atingir tal desvario.
Como em todos os Mini, é fácil obter uma posição de condução adequada, mas o Countryman não permite que o volante fique tão vertical quanto eu gosto. Ainda assim, fica perto. O comando Start/Stop também é amarelo, prolongando o tema da tampa da tomada de carga e do lettering à frente e atrás.
Bons modos
O Countryman é um automóvel que não descreveria como sendo de dimensões compactas. É um SUV com quase 4,3 metros e mais de 1,5 metros de altura. Esta versão plug-in aumenta o seu peso em 150 quilos, para um rubicundo total de 1660 quilos em vazio. Continua a manter os traços de distinção que a Mini, sob os desígnios da BMW, introduziu em 2001.
Mas a sua marca é agora uma irónica recordação de um obsoleto utilitário de excepção lançado em 1958. Ainda assim, estou convencido de que Alec Issigonis, que desenhou o Mini original, compreenderia as consequências do progresso e teria até um certo orgulho por ver que a sua criação deu origem a tão interessante Frankenstein.
Mas deixemos os espíritos do passado repousar e regressemos a Milão. É tempo de decidir o modo de funcionamento para o embate com a sua fauna urbana. O Countryman estraga-nos com opções: o modo Auto eDrive será aquele que garante a maior autonomia, porque o motor elétrico só trabalha em exclusividade até aos 80 km/h. O motor a gasolina entra em funcionamento quando é ultrapassada essa velocidade, quando aceleramos a fundo ou quando a carga da bateria cai para menos de 7%. A segunda modalidade chama-se Max eDrive, permitindo o funcionamento elétrico até aos 125 km/h, com natural redução da autonomia da bateria. A última chama-se Save Batery e, como o nome indica, poupa e recarrega a carga da bateria para utilização totalmente elétrica posterior.
Mas recebi o veículo com a bateria até cima (e o depósito de gasolina com 36 litros também atestado) por isso, Auto eDrive, e aqui vamos nós…
A posição alta de condução proporciona uma boa visibilidade e o Countryman mostra-se tão reativo quanto os restantes membros da família. A excelente direção e a disponibilidade do motor eléctrico (165 Nm de binário instantâneo) garantem poder decisório em quase todos os impasses razoáveis que o tráfego nos joga pela frente.
A transmissão faz-se alternadamente entre o eixo dianteiro e traseiro, ou em simultâneo, numa gestão que podemos acompanhar através do ecrã de infotaintment, mas não controlar. Todas estas alterações são praticamente imperceptíveis e as transições sucedem-se com grande suavidade. Nota muito positiva para os travões, já que o sistema de recuperação de energia não interfere com o seu ataque ou modularidade.
Suave, suavecito
O meu Countryman de ocasião tem um excelente nível de equipamento, distinguindo-se os bancos em pele e as Union Jack estilizadas por todo o lado. Mas estes não são compatíveis com o razoável preço base de 39 250 euros. Uma passagem rápida pelas 325 páginas de opcionais — pronto, exagerei um bocadinho… — deixa qualquer potencial comprador nervoso com tanta escolha. Ainda assim, o equipamento de série desta versão é bastante equilibrado e um dos bons elementos é a caixa automática de seis velocidades. Rápida e eficiente, torna a utilização do motor a gasolina num verdadeiro prazer.
É certo que, nesta geração do Countryman, surgiu uma nova caixa de oito velocidades opcional (com uma variante desportiva para os Cooper S/SD e Cooper S John Cooper Works), mas para a versão plug-in, as seis velocidades cumprem realmente bem, marcando a diferença para outras opções de motorização híbrida no mercado, com sistemas de funcionamento semelhantes ao de uma caixa de variação contínua.
Fazem ainda parte do equipamento de série o sistema de navegação Mini de 6,5’’, os faróis Full LED adaptativos, a manutenção incluída durante cinco anos ou 80 000 km e a garantia da teria de seis anos ou 100 000 km.
A caminho da deslumbrante região do Lago Como, com trânsito compacto, são raras as vezes em que o motor a gasolina entra em funcionamento. Apenas numa ou outra ultrapassagem precisamos de mais do que a potência do motor elétrico. Com a ajuda do motor a gasolina, as acelerações e recuperações são de bom nível (0-100 km/h em 6,9 segundos). Apenas a velocidade máxima — 198 km/h — é inferior aos Countryman sem motor elétrico.
Todavia, tal acaba por ser irrelevante. O Countryman Cooper S E ALL4 é um automóvel adaptado às necessidades reais do seu utilizador. Nesse sentido, apresenta-se como uma excelente proposta da Mini e cumpre, com brio e um conceito de engenharia elegante, todos os seus objetivos. Não é difícil prever que também cumprirá na frente comercial.